Muitas
mães e pais chegam ao consultório com relatos de ciúmes entre irmão. São
histórias diversas, algumas engraçadas, outras assustadoras. Já vi casos graves
envolvendo psicose infantil e também casos simples, em que uma simples conversa
resolve.
Mas
o que venho falar aqui é mesmo sobre o que é o ciúme, porque ele se manifesta,
intensidades de ciúmes e os reais perigos que envolvem esse comportamento.
Existem
diversos tipos de ciúmes. Tem os que envolvem adultos e os que envolvem
crianças. Envolve relacionamentos afetivos e gera desconfiança, brigas e até
mortes. Tem o ciúme que envolve colega de trabalho e compromete o
relacionamento na empresa. Tem o ciúme do jardim da vizinha, da professora que
ganhou um prêmio, do companheiro que foi promovido, da amiga que viajou para um
lugar lindo com outra colega e não te convidou. Enfim, existe uma infinidade de
casos envolvendo ciúmes. Ou inveja, se preferirem, porque a inveja nada mais é
do que um ciúme de adulto.
O
ciúme é o temor da perda. É complexo porque envolve um extenso conjunto de
emoções humanas, e por ser um sentimento, tem o seu lado positivo e o seu lado
negativo. É um sentimento natural ao ser humano, e todos nós já experimentamos
em alguma circunstância da vida. O que fazemos com ele é o que nos faz crescer
ou decair.
Por
exemplo, se sinto ciúmes da promoção que minha colega recebeu, e por isso me
esforço mais para também receber uma promoção, estamos diante de um ciúme
positivo, que nos faz crescer. Mas se, nessa mesma situação, eu inicio uma
sabotagem ao trabalho da colega, uso simulação de afeto, gero inimizade e
desconforto para todos, estarei diante de um ciúme negativo, que compromete as
relações sociais e o andamento da empresa.
O
ciúme se manifesta na infância, e é comum que a criança queira toda a atenção
da família. O mais comum é entre irmãos, mas as crianças sentem ciúmes das
mães, dos pais, dos avós, das tias, etc. Não dá pra saber exatamente quando ele
começa, mas vemos bebês bem pequenos demonstrando insatisfação quando as mães
conversam com alguém enquanto amamentam ou quando querem dormir.
Quanto
à sua intensidade, também é impossível de se medir, porque estamos falando de
um sentimento, e ele não é igual para todas as pessoas. Mas sabemos que algumas
pessoas são mais desapegadas e raramente sentem ciúmes. O que vejo é que o ciúme
está muito ligado à autoestima e à autoafirmação. Pessoas que se amam, que se
sentem realizadas e que se aceitam como são costumam lidar melhor com o ciúme. Mas
não há como ter uma medida exata de como esse sentimento se manifesta interiormente.
O
ciúme pode ser perigoso quando se apresenta de forma intensa e descontrolada. Adultos
que não conseguiram trabalhar o ciúme de forma adequada na infância podem criar
situações complexas. Vemos muitos casos de crimes passionais, ou seja, onde
alguém mata seu(sua) parceiro(a) por ciúmes e depois se mata. Temos pessoas
vivendo aprisionadas em relacionamentos abusivos e/ou violentos provocados pelo
ciúme. São tantas histórias que não se pode contar.
E
se tudo isso é muito complexo para nós adultos, imagina para as crianças. Elas ainda
estão em desenvolvimentos e geralmente não têm um vocabulário extenso, ainda
não conseguem nomear o que sentem. É um sentimento confuso, uma mistura de amor
e raiva, que a criança não sabe como lidar, porque ainda não aprendeu.
Vemos
casos de crianças que causam danos reais em seus irmãos, e até mesmo levando à
morte, por causa do ciúme. O ciúme precisa sim ser supervisionado pelos pais,
quando falamos de educação infantil. Crianças que apresentam ciúmes mais
intensos precisam de ajuda profissional.
Então,
deixo aqui 3 dicas importantes para
amenizar os sintomas dos ciúmes:
Primeiro: ensine
a criança a nomear sentimentos. Logo após iniciar a fala, a criança já pode
aprender a nomear sentimentos simples, como amor, raiva, alegria, tristeza. Conforme
ela for crescendo, outras palavras e outros sentimentos vão sendo incluídos no
vocabulário da criança. Mas não adianta nomear apenas, né. Vamos para a próxima
dica.
Segundo: façam
uso das palavras ensinadas. É importante que os adultos façam uso dessas
palavras ao longo do dia, no cotidiano da criança, e pare pra ouvir o que a
criança quer dizer. O diálogo com a criança é importante, não apenas em casos
de ciúme, mas auxilia todo o seu desenvolvimento. Mas lembre-se que o diálogo
com a criança deve ser adequado para sua faixa etária.
Terceiro:
demonstrem amor pela criança e deixe ela se sentir segura em relação a isso.
Sei que os pais amam seus filhos, mas conforme eles vão crescendo, se esquecem
de dizer. Crianças pequenas são afetuosas por natureza, mas conforme vão
crescendo e ganhando independência, elas abraçam menos e demonstram menos. Mas
não quer dizer que não sintam. Então, criem o hábito de abraçar a criança,
dizer que ama e de ouvir o que ela tem a dizer sobre seus sentimentos.
Tudo
isso pode parecer simples, e alguns pais vão dizer que já fazem isso. Mas é
preciso fazer de forma consciente, sabendo que esse comportamento tem um
objetivo. Principalmente com a chegada de bebês. Eles costumam ser fofinhos,
necessitam de muita atenção, roubam os elogios de todos e ainda ganham
presentes todos os dias. Os pais sempre se preocupam com os filhos menores, que
ainda não entendem. Mas devem se preocupar principalmente com os mais velhos. Adolescentes,
por exemplo, não costumam falar com os pais sobre sentimentos. Mas geralmente
são os que mais sentem.
Crianças
pequenas também chamam muito a atenção. Dançam, riem, fazem gracinhas. Quase
sempre roubam a cena. E é preciso que os pais observem como os irmãos estão
reagindo a tudo isso, e iniciem um diálogo sobre o assunto. Não precisa ser na
mesma hora, mas o diálogo é necessário.
Então,
use dessas dicas diariamente, e reforcem a autoestima dos seus filhos. E se
ainda assim o problema persistir, procure ajuda de um profissional da Psicologia.
Orientação e atendimento infantil podem ser necessários em alguns casos, e o
profissional poderá identificar se há ou não alguma patologia associada ao ciúme
excessivo.
Espero
que tenha gostado, e que esse texto possa ajudar você a esclarecer algumas
dúvidas. Se você gostou desse texto, deixe sua opinião nas redes sociais:
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Um
abraço
Érica
Lopes
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