“Birras” – O que fazer?
Essa
é uma cena conhecida dos pais:
Uma
criança se joga ao chão, com choro e gritos, esperneando e se debatendo, quase
incontrolável. E todos à sua volta olhando com reprovação e dizendo: “se fosse
meu filho já tinha apanhado”! E os pais, envergonhados e sem saber como agir
diante do descontrole da situação acabam cedendo aos caprichos do filho. Ou por
vezes acabam se descontrolando também, com gritos e até chegam a bater em
público, para satisfazer os desejos dos que assistem. E arrastam o filho ainda
mais irritado pela rua, em uma cena realmente desesperadora.
Você já viu ou participou de algo
assim? E você se lembra qual foi a sua reação?
Agora, volte um pouco no tempo e
tente lembrar da sua infância. Em algum momento você já se sentiu frustrado por
não ter imediatamente algo que queria? Ainda se lembra como reagiu?
Esse comportamento infantil, mais
conhecido como “Birra” ou “Pirraça” é mais comum do que os pais gostariam que
fosse. Em algum momento, toda criança fez ou fará ao menos uma tentativa de
conseguir o que quer de imediato usando esse método. E a forma como o adulto
conduzirá a situação será toda a diferença.
Por trás de toda a situação há uma
frustração, um desejo imediato da criança que não foi atendido. E como a sua
linguagem ainda está em formação e a argumentação é algo que se aprende com o
tempo, ou seja, com o amadurecimento da criança e desenvolvimento da linguagem,
ela experimenta através desse ato uma forma para conseguir atingir o seu
objetivo.
Essa cena da criança se lançar ao
chão e se debater é uma forma de linguagem, e muitas vezes, a única disponível
no momento. E quanto maior for a criança, mais ela entenderá e usará de
argumentação para conseguir o que quer.
Esse é um comportamento que deve ser
ensinado pelos pais. E não adianta gritar ou bater. Dessa forma a criança
aprenderá que vence quem grita mais alto, ou quem usa de violência na situação.
E não é isso que queremos para as nossas crianças, não é mesmo?
Esse deve ser um momento de
acolhimento, de pegar a criança e sair de cena, literalmente. Ao se ver em um
novo cenário, com pessoas e situações diferentes, a criança estará mais calma
para ouvir e tentar argumentar. Mas lembre-se de que a linguagem não está
completa, e nem sempre ela entenderá que não pode ter o que quer por motivos
que só os adultos entendem. Tente falar em uma linguagem conhecida da criança,
em termos que são compreensíveis a ela.
Se a criança já tiver idade
suficiente para compreender e conversar com você, experimente pedir a ela para
falar sobre os seus sentimento e sobre os seus motivos para querer tanto uma
coisa a ponto de chorar. Peça a ela que nomeie e até quantifique o quanto é
importante tudo isso para ela.
Um exemplo é pedir à criança que
fale sobre o tamanho do problema que ela está enfrentando, se é pequeno, médio
ou muito grande. E fale sobre as possibilidades de tentar resolver de forma
mais simples, de acordo com o tamanho do problema.
Assim,
ela aprenderá a dimensionar e qualificar as situações pelas quais irá passar,
buscando argumentar e resolver a situação de maneira aceitável por todos. A
criança pode aprender que algumas coisas levam tempo, que outras necessitam de
dinheiro, ou apenas que algumas não podem ser resolvidas por serem problemas
muito grandes, que envolvem situações de segurança ou de convívio social.
Mas
o que não se pode fazer nunca, mas nunca mesmo, é ceder ao choro da criança
apenas para se ver livre da situação. Esse é o pior comportamento que o adulto
pode fazer. Desta forma, você estará ensinando à criança que ela pode conseguir
o quer se se comportar dessa maneira. E essas serão cenas constantes em sua
vida.
E
mesmo que você ceda e diga que será só hoje, a criança não consegue compreender
essa mensagem. Internamente, não há amadurecimento ainda para esse tipo de
compreensão. A criança aceitará de início, mas usará do mesmo recurso quando
novamente se ver diante de algum desejo imediato.
Além
do mais, a criança pode interpretar que para ser “amada” é preciso que seus
desejos sejam satisfeitos. E assim, ela usará desses e de outros artifícios
para conseguir sempre o que quer. É comum ouvirmos as crianças chorando, muito
descontroladas, dizendo: “você não me ama” ou “eu odeio você”.
Esse
tipo de fala, que lembrando, ainda vem de uma linguagem rudimentar, em
desenvolvimento, é apenas uma forma de dizer que não está feliz naquele
momento. E é certo que os pais querem sempre que seus filhos sejam felizes, mas
não se pode ser feliz o tempo todo. É necessário aprender a suportar as
frustrações e enfrentar as dificuldade do mundo, ainda que isso te deixe
triste. Então, ensine isso ao seu filho. Fale isso para ele, diga que o ama
muito, mas que no momento você não pode atender ao pedido dele.
Assim
você estará ensinando uma lição importante de vida, ajudando a criança a
enfrentar as situações difíceis na vida. Com esse aprendizado, que inicialmente
é bem simples, você estará ensinando que sim, na vida há momentos alegres e
tristes, e que tudo bem se momentos ruins vierem, que é preciso aprender a
enfrentá-los.
Esse
é o início da aprendizagem para a resiliência. E em um mundo cada vez mais
concorrido e socialmente confuso, ser uma pessoa resiliente é muito importante
para evitar transtornos mentais. Ou seja, ensinar seu filho ainda bebê será
importante para toda a sua vida.
Viu
como esse assunto é importante? Ainda há muito o que se falar, mas em um único
texto ficaria muito cansativo e por vezes repetitivo. Então, se quiser ficar
por dentro dessas e outras dicas, esteja sempre por aqui.
Esse
Espaço é todo seu.
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